Fotos: Rosangela Falato
Legenda: Vencedores são premiados no concurso que reúne várias obras e um bom público na Sectur
Premiação dos melhores trabalhos reuniu poetas dos 16 aos 91 anos
Alguém consegue imaginar o mundo sem poesia? Ela é atemporal e eterna, está intrínseca no ser humano, pois revela seus sentimentos mais profundos. Poesia não tem idade. E isso foi provado na noite de sábado (19), durante o encontro que reuniu poetas dos 16 aos 91 anos na final da 33ª edição do tradicional “Concurso de Poesias Nhô Bento” realizado pela Secretaria de Cultura e Turismo (Sectur) de São Sebastião.
Foi uma noite especial onde 20 poemas, de 38 inscritos, foram interpretados, alguns por seus autores e outros por colegas, para a difícil escolha dos cinco melhores trabalhos deste ano. O pátio da Sectur se transformou em um sarau revelando talentos e mostrando o valor de poetas da região que reverenciam o concurso há vários anos.
Não foi fácil para a comissão julgadora formada pela jornalista Daniela Carvalho e os professores Fernando Rufino e Debora Puertas escolher entre tantos trabalhos surpreendentes. Mas, no final, o primeiro lugar ficou com o poema “Benção e Maldição”, do padre Mauro José Ramos, interpretado pelo amigo Lázaro Pitanga.
O segundo lugar ficou para “Velhos Retratos”, de Luzinete Aparecida Nunes Espinha que também participou com o poema “Essa Menina... Não Tem Jeito!”. A terceira colocação foi para um dos três trabalhos classificados escrito por jovens da Fundação Casa de Lorena. Com o pseudônimo “Fumaça”, o prêmio foi para o poema “A voz do silêncio”.
O quarto lugar ficou para o trabalho “Fato”, de Maria Vera Cecílio Alba, e a quinta posição para “Feche os Olhos”, de Luiz Aparecido Marcolino, que também concorreu com o poema “Eu tenho um sonho”. A premiação de melhor intérprete foi para o jornalista Felipe Horácio Gonçalves Ferraz Riela com o poema “Dentro da voz do gago existe uma tragédia grega”. Em sua primeira participação no concurso, ele também concorreu com o trabalho “Desejo de Pé” que ficou entre os 20 selecionados e faturou o Certificado de Honra ao Mérito “Professor Dr. José Machado Rosa”.
Valorização
A noite teve momentos especiais como a homenagem ao caiçara e fotógrafo Edivaldo Nascimento no trabalho “Enciclopédia Ambulante” de D´eniz Carlo que participou pela primeira vez do concurso. Morador em Ilhabela, o escritor e artista plástico acha essencial a homenagem. “Muitas pessoas não sabem a importância que ele tem para são Sebastião, um caiçara local que fez muita coisa registrando fatos e a história da cidade”, disse o autor que elogiou o nível e a organização do concurso.
Participante desde 2004, o poeta Ivo dos Santos, que participou com os trabalhos “Jovem há mais tempo” e “Gaiola de Alçapão”, disse que a concorrência está forte. Ele ressaltou a participação de pessoas que vêm de outras cidades ou estados e “que enxergam, muitas vezes, a cidade de forma diferenciada. Isso valoriza o concurso”. Ele também sugeriu a participação de estudantes e que o concurso possa ser realizado nas próprias escolas”.
Para a secretária de Cultura e Turismo, Marianita Bueno, “a qualidade dos trabalhos teve um aumento significativo” com grandes destaques como as poesias dos jovens da Fundação Casa de Lorena. De sete trabalhos, eles tiveram três selecionados entre os 20 melhores e um classificado em terceiro lugar. ”Foi uma grande surpresa, pois ficaram sabendo do concurso e enviaram pelo correio. Os trabalhos são muito bons. Tivemos lindas poesias e temas sobre os caiçaras como a homenagem ao nosso querido Edivaldo Nascimento. Foram momentos gratificantes nesse encontro de poetas que realizamos todos os anos”, frisou Marianita.
Certificados
Os autores dos demais trabalhos selecionados também receberam certificados de participação. Um dos destaques foi para Margarida Figueiredo dos Santos, 91, que participou com o poema “Sonho Meu” interpretado pelo filho, o vereador Onofre Neto que prestou uma homenagem especial para sua mãe.
Também receberam certificados os autores Ubirajara Vieira Xavier por “Feijão Maravilha”, Maria José Viana, por “Leitura do Mundo”, Guzinho, pseudônimo do jovem da Fundação Casa de Lorena, com o trabalho “Família” e seu colega de pseudônimo Neguinho com “Sentido Contrário”.
Patty Saydel Matsuhashi, autora de “A Última Carta”, foi destaque por sua interpretação. Também recebeu o certificado, Maria Antonia dos Santos Marcolino pelas obras “Um turista Apaixonado” e “Um Cidadão Transformado”, bem como o poeta Ivo dos Santos com seus trabalhos “Jovem há mais Tempo” e “Gaiola de Alçapão”.
Nhô Bento
O concurso homenageia o poeta sebastianense José Bento de Oliveira, o Nhô Bento, nascido em 1902, no bairro do Pontal da Cruz e que, ainda jovem, foi morar em São Paulo.
Embora caiçara, o escritor revelava em seus poemas o lado caipira de ser e sua obra, "Rosário do Capiá", editado em 1946 com 58 poesias, contou com o prefácio do maior autor da literatura infantil brasileira, Monteiro Lobato.
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