Violinista Roney Marczak conhece projeto musical em São Sebastião Intercâmbio cultural entre cidade e instituição do renomado músico pode virar realidade





Fotos: Rosangela Falato



Legenda: Músico se impressiona com a qualidade e talento dos jovens de São Sebastiao



Violinista Roney Marczak conhece projeto musical em São Sebastião

Intercâmbio cultural entre cidade e instituição do renomado músico pode virar realidade



Descobrir novos talentos e, mais do que isso, proporcionar às pessoas música de qualidade. Esse é um dos objetivos do renomado violinista Roney Marczak que, recém-chegado de uma temporada com o Quarteto Descobertas pelos palcos da Suíça e Alemanha, esteve em São Sebastião nesta quarta-feira (19), para conhecer o trabalho desenvolvido com a Orquestra Jovem e a Camerata sob os cuidados do jovem violinista Rafael Tavares nas oficinas culturais da Secretaria de Cultura e Turismo (Sectur) do município.

Foi um momento especial e único para alguns alunos que integram a orquestra e camerata que se apresentaram para o músico, natural de Londrina, que ressaltou a possibilidade de uma troca de experiências e intercâmbio cultural entre o município e a Escola de Música Sol Maior Roney Marczak.

Acompanhado pela esposa, Daniela Figueiredo de Paulo e o filho mais velho, Luigi Sterza Marzak,13, Roney ouviu os músicos, falou de seu trabalho, experiências e dificuldades como a de manter a Escola de Música Sol Maior, criada em 2001, com a proposta de ensinar jovens sem condições financeiras para estudar.

Segundo Marczak, 90% dos grandes talentos que aparecem são de comunidades carentes. A escola já formou 153 profissionais que atuam em várias cidades no Brasil e no mundo. Atualmente, em função da crise financeira, mantém 60 alunos e conta com apoio de amigos e instituições da Suíça e Alemanha, pois não tem ajuda governamental. A instituição também é mantida com recursos advindos das apresentações no Brasil e exterior do Quarteto Descobertas integrado por professores da escola de música.

O encontro partiu de convite do violinista Rafael Tavares que, há três meses, entrou em contato com Roney pelas redes sociais. “Fui conhecer a escola dele e convidei a vir a São Sebastião para ver nosso trabalho”, disse Rafael que acredita na possibilidade de parceria. Ele explicou ao músico que, no total, conta com 34 alunos distribuídos entre a Orquestra Jovem e Camerata.

A secretária de Cultura e Turismo, Marianita Bueno, que participou do encontro, explicou o trabalho realizado no município que ampliou, nos últimos anos, os cursos e oficinas culturais que atendem mais de três mil pessoas. “Aproveitem essa experiência que é única e não esqueçam que é preciso muita perseverança. Estamos aqui para ajudar dentro do possível. Temos nossa orquestra, a camerata. Temos aqui jovens que estudam há pouco mais de um ano e estamos orgulhosos de todos”, afirmou Marianita.

Incentivo

O talento dos jovens de São Sebastião impressionou o violinista. “O trabalho é ótimo, muito bonito mesmo. Estou feliz e quero parabenizar o Rafael e a secretária por acompanhar esse trabalho”, afirmou Roney, lembrando a importância de ousar, mesclar estilos e principalmente tocar para as pessoas que não têm oportunidade de ouvir boa música. “Gostaria de voltar e tocar com vocês”, frisou.

O violinista afirmou ser o Brasil um exportador de talentos, mas que é preciso muita dedicação. Um músico amador treina de três a quatro horas por dia e um profissional, no mínimo, oito horas. Segundo ele, apesar de ser uma frase muito comum, a realidade é que “uma nação só progride com investimento em cultura e educação”.

Marczak passou um vídeo sobre sua trajetória e explicou que todos passam por dificuldades, mas quando há "seriedade, disciplina e força de vontade, tudo pode dar certo”, e deixou uma mensagem fundamental aos jovens: “Não leve a vida de qualquer maneira, ouse mais, mescle estilos, aprenda, pois a gente está eternamente aprendendo. Passe essa energia ao povo e lembre que tudo que é bom é simples. Se emocionem porque a intenção é nobre. A boa música é eterna”, frisou Marczak, que espera ter sido essa a primeira de muitas visitas ao município.

Mais sobre Marczak

Nascido em Londrina (PR), iniciou seus estudos aos seis anos para acompanhar o irmão que também tocava violino em uma época que era difícil encontrar professores no Norte do Estado. Com apoio dos pais, frequentou aulas em várias cidades e depois de aprender outros instrumentos, resolveu dedicar-se ao violino aos 13 anos. Aos 15, ganhou seu primeiro concurso internacional. Aos 17, foi escolhido após rigorosa seleção entre 900 candidatos para ser um dos três bolsistas do governo alemão e graduou-se obtendo a nota máxima Musikhochschule de Freiburg (Alemanha).

Teve aulas com Paulo Bosísio e freqüentou Master Classes com Max Rostal e Henrik Szering (Suíça), Paul Badura Skoda (Viena), Shmuel Ashkenasi (Israel), Tibor Varga (Suíça) e com Joseph Silverstein (USA). Concluiu, com honra ao mérito, o curso de interpretação e virtuosismo e o mestrado em pedagogia da música para bebês, crianças e adultos na Escola Superior de Música de Berna (Suíça).

Roney realizou concertos como solista à frente das principais orquestras brasileiras e, na Europa solou com a Sinfonie Kontrast Orchester, Orquestra Sinfônica do Conservatório de Berna (Suíça), Freiburger Sinfonie Orchester (Alemanha), sob a regência dos maestros Alceo Bocchino, Roberto Tibiriçá, Jamil Maluf, Júlio Medaglia, Kaspar Zehnder e Dmitrij Kitajenko. Um dos momentos especiais em sua vida foi o convite, pelo Vaticano, para se apresentar, em 1994, ao Papa João Paulo II e cardeais apresentando obras de compositores para violino solo.

Após receber vários convites para lecionar em universidades do Brasil, decidiu realizar o sonho de voltar à sua cidade natal para realizar o projeto social com a Escola de Música Sol Maior. Formados por alunos e professores da escola, mantém a Orquestra Jovem de Londrina, Orquestra Sol Maior e o Quarteto Descobertas. Roney Marczak foi convidado pelo Governo do Estado do Paraná para integrar a direção artístico-pedagógica do 24º Festival de Música de Londrina. Atualmente é membro de honra da Academia de Cultura do Paraná.

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