Violência e condição feminina são discutidas dentro da Semana da Mulher



Foto: Zé Américo | PMSS

Legenda: Mulheres participam de debates no Tebar Praia Clube




Violência e condição feminina são discutidas dentro da Semana da Mulher

O tema deste ano foi a vida da maestrina Chiquinha Gonzaga




Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher (8 de março), mulheres de São Sebastião se reuniram nesta terça-feira (10), para discutirem a condição feminina. O encontro foi no Tebar Praia Clube, na região central da cidade, com total apoio da Prefeitura.

A iniciativa foi da AAMS (Associação de Amparo à Mulher Sebastianense), tendo à frente a jornalista, ativista e ex-primeira dama Priscila Siqueira.

O tema deste ano foi Chiquinha Gonzaga, maestrina, abolicionista e republicana. Uma mulher que sofreu grandes discriminações por conta de suas posturas de vanguarda na época.

Com mais de 50 mulheres presentes na plateia, o encontro começou com a exibição de um vídeo sobre Chiquinha Gonzaga realizado pelo Departamento de Comunicação da Prefeitura.

Na sequência houve apresentações musicais e foi formada uma mesa com Priscila Siqueira, Geisa Elisa Fenerech da Coordenadoria Municipal da Mulher (que representou a primeira dama Roseli Primazzi). Também integraram a mesa, mulheres com história de luta no município. Elas abordaram os inúmeros casos de violência contra mulheres que ainda são registrados em diversos pontos do País bem como em São Sebastião.

Uma segunda mesa recebeu mulheres de diversos segmentos sociais que relataram suas experiências pessoais de vida, momentos embaraçosos que passaram e constrangimentos dos quais foram vítimas.

Chiquinha Gonzaga

Chiquinha Gonzaga foi filha de um general do Exército imperial brasileiro com uma negra muito humilde, Rosa Maria Neves de Lima.

Seu pai era de uma família aristocrática, o que lhe proporcionou os estudos com os mais renomados professores de música da época. Desde cedo frequentou rodas de ritmos africanos como lundu e umbigada. O que era um escândalo na época. Aos 11 anos começou sua carreira de compositora com uma música de natal.

Por imposição da família casou-se aos 16 anos com um oficial da Marinha imperial brasileira: Jacinto Ribeiro Amaral. Logo engravidou. Um marido que vivia longo tempo no mar, que proibia que educasse os filhos e que desenvolvesse sua aptidão musical.

Logo separou-se, o que foi um verdadeiro atentado naquele momento. Só conseguiu levar consigo o filho mais velho, deixando os outros dois com o pai. Sofreu muito com a separação dos filhos e com a sociedade preconceituosa da época que impunha duras críticas às mulheres que se separavam dos maridos.

Em 1867 reencontrou um grande amor do passado, o engenheiro João Batista de Carvalho com quem teve uma filha. Mas ela não aceitava as traições dele. Mais uma vez separou-se, mais uma vez foi obrigada a deixar uma filha e mais uma vez sofreu grande preconceito.

Mesmo cuidando apenas do filho mais velho, Chiquinha nunca se desligou dos outros três filhos e acompanhou a educação deles de perto.

Viveu então como musicista independente para conseguir manter o filho mais velho.

Aos 52 anos, depois de décadas sozinha, conheceu um jovem músico por quem se apaixonou: João Batista Fernandes Lage. Ela com 52 anos e ele 16. Temendo novas críticas e novos escândalos, apresentou o novo amor à sociedade como sendo um filho adotivo. Foi a forma encontrada por ela para viver ao lado de seu grande amor.

Os filhos e a sociedade não aceitariam o romance. Restou ao casal ir viver na Europa. Moraram em Portugal durante alguns anos. Ela nunca tornou público o romance, que só foi descoberto depois de sua morte por meio de cartas e fotos do casal.

Chiquinha morreu ao lado de João Batista Lage, seu grande amor, parceiro e companheiro em 1935, bem no dia em que começava o Carnaval.








Departamento de Comunicação | PMSS-Segov

Comentários