Visita a Alcatrazes é o prêmio dos alunos e professores no concurso “A beleza do meu ambiente”





ICMBio possibilitou que os estudantes da região conhecessem o santuário ecológico e aprendessem um pouco mais sobre educação ambiental na principal ilha do Arquipélago
Jessyca Biazini


“O que falamos na teoria pode ser visto na prática. É maravilhoso ver o estado de conservação desta ilha. Uma oportunidade única”, revela a professora Carmem Brusos, 49 anos, da Escola Municipal Professora Edileusa Brasil Soares de Souza, em Maresias, Costa Sul de São Sebastião. A frase mostra um pouco do que os estudantes e docentes de São Sebastião e Ilhabela puderam vivenciar na última quarta-feira.
O prêmio do concurso “A beleza do meu ambiente”, realizado pelo Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foi a visita à Ilha de Alcatrazes, principal do Arquipélago, protegida pela Marinha e pela Estação Ecológica Tupinambás (Esec). Eles conheceram de perto o grande ninhal de aves marinhas e viram muitas fragatas no céu, além de nadar nas águas cristalinas do santuário ecológico.
Por ser uma área militar, o local é protegido pela Marinha e tem acesso restrito a órgãos ambientais de preservação e fiscalização e Esec/ICMBio.
A oportunidade de visitar o local por meio do concurso foi estimulada pela equipe de educação ambiental do ICMBio que esteve em várias escolas das duas cidades, no primeiro semestre, para palestrar a importância de preservar e os projetos da unidade de conservação.
Em São Sebastião o concurso foi de fotografia e nove alunos e dois professores premiados visitaram a ilha. Já em Ilhabela os estudantes fizeram redações e, ao todo, 10 discentes e cinco docentes foram a Alcatrazes.
O professor de Ciências, Leonel Rosa, 29 anos, da EM Professora Nair Ribeiro de Almeida, em Juquehy, Costa Sul de São Sebastião, conta que registrou o Pôr-do-Sol de Boiçucanga e conseguiu visitar pela segunda vez Alcatrazes com a conquista do primeiro lugar. “Cada vez é uma sensação diferente. É importante que os alunos estejam aqui. Cria um sentimento de que realmente é necessário preservar”, afirma.
O mar estava calmo e o sol deixou o dia propício para o banho de mar durante o passeio de escuna. Quem gosta de aventuras pôde ir de bote perto da costeira para ver as estrelas do mar e outras espécies durante o mergulho. Na volta, um cardume de golfinhos foi um presente à parte para os estudantes que registraram com vídeos e fotos cada momento.
Jessica Guedes, 13 anos, aluna da EM Ana Leite Julião Torres, do Bexiga, região sul de Ilhabela, explica que concorreu com uma redação que questionava o que é mais importante: valorizar, preservar ou desmatar? A jovem estava empolgada com o passeio. “Muito legal ver espécies que a gente não conhece e saber que aqui tem muitas plantas que podem ser usadas como remédio e estudo para os cientistas. Não podemos perder esta beleza”.
O segundo lugar do concurso fotográfico ficou para Lucas Alves, estudante do Henrique Botelho. “Fiz a foto pensando em ‘se jogar’ nas águas do Arquipélago. Gostei muito da experiência, é um ambiente calmo e com muitas cores. Quero participar de novo”. Já Beatriz Vieira, 14 anos, aluna da mesma escola, pensou que Alcatrazes fosse menor e que teria uma praia, mas conta que foi melhor do que esperava. “Estou encantada. Vi um peixe que parecia o Nemo do filme e muitos outros”.
De acordo com a supervisora de ensino da Secretaria de Educação de São Sebastião, Silvia Rodrigues Gesser, essa foi a segunda edição do concurso, que cresceu desde o lançamento, no ano passado. “A oportunidade dos alunos e professores conhecerem o arquipélago de Alcatrazes traz ótimos resultados ao processo de aprendizagem”.
A redação da estudante da Ilhabela, Patricia Bandeira, 14 anos, contou como os militares fazem treinamentos de tiros no local comparada ao trabalho de preservação do Arquipélago. “Eu não imaginava que era tão conservado. Agora sei que não pode mesmo agredir este lugar”.
Geraldo Ottoni é oceanógrafo do ICMBio e acompanhou a aventura. Ele conta que a visitação turística não é permitida. “Trazemos as pessoas até Alcatrazes para pesquisas científicas e educação ambiental. Também vamos às escolas para falar da biodiversidade local e da importância da unidade de conservação. O objetivo é valorizar as espécies que vivem aqui e despertar nos jovens a preocupação que este lugar precisa ser protegido”.
O concurso “A beleza do meu ambiente” foi desenvolvida em parceria com as secretárias de Educação das duas cidades e a visitação a Alcatrazes contou com o apoio de um inspetor naval da Marinha, de um policial do Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMar), além de embarcações de reforço do ICMBio e apoio da Colonial Diver.


Foto: Jorge Mesquita/IL

Comentários