Marcos Fuly questiona a quem a nova rodovia servirá depois de pronta
Mara Cirino
A divulgação de que haverá uma praça de pedágio no Contorno Sul que ligará os municípios de São Sebastião e Caraguatatuba foi um dos temas de discussão durante a sessão ordinária da Câmara na última terça-feira. Questionamento foi feito pelo parlamentar Marcos Antonio do Carmo Fuly (PP) em requerimento aprovado pela maioria dos vereadores presentes. A exceção foi o vereador Edvaldo Pereira Campos, o Teimoso (PSB).
No final de outubro foi apresentada pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), a proposta de modelagem para a Parceria Público Privada (PPP) da Rodovia dos Tamoios, que visa viabilizar as obras de duplicação do trecho de serra da rodovia, entre o km 60,48 e o km 82 - investimento estimado em R$ 2,9 bilhões - além da manutenção e conservação da rodovia ao longo dos 30 anos de contrato. A concessão patrocinada prevê a instalação de três praças de pedágios, sendo duas na rodovia Nova Tamoios (SP-99), nos km 12,8 e 56,5, no trecho de planalto e uma no encontro dos Contornos Sul e Norte.
“Sabemos que esse contorno é uma conquista e favorecerá nossa comunidade, mas se essa vai ser a única via de acesso pedagiada, não vai resolver o problema do nosso tráfego”, disse Fuly. Ele reforçou que essa instalação, num trecho curto, dificultará a utilização diária dos moradores da região e não vai resolver o problema do trânsito, que é a demanda de veículos numa única via, os motoristas vão continuar usando o acesso antigo.
“Espero que o governador (Geraldo Alckmin) tenha o bom senso e a sensibilidade de retirar essa proposta do projeto”, disparou e questionou o motivo do governo estadual não ter discutido com a população sobre a instalação e localização das referidas praças de pedágios.
“O governador prometeu que essa obra iria valorizar a região, mas vemos que ganhamos um pedágio junto, precisamos da via e não do pedágio, assim não está bom, teremos que pagar para utilizar a nova via de acesso?” reclamou.
Ela apontou ainda que, na verdade, o discurso do governo do Estado é para beneficiar o Porto de São Sebastião e não a comunidade. “A região precisa se manifestar. Nosso trecho atual não é viável e a estrada não pode ser só para o porto”.
Trecho urbano não
O vereador Ernane Primazzi, o Ernaninho (PSC), lembrou que na legislatura passada ele e o colega Luiz Antonio de Santana Barroso, o Coringa (PSD) aprovaram projeto proibindo a implantação de praças de pedágio no trecho urbano. “Eles queriam lá em Boraceia (na Costa Sul), mas conseguimos evitar. Entendo que é uma questão de diálogo, mas tava na cara que isso ia acontecer”, lamentou.
Já o parlamentar Professor Gleivison Gaspar (PMDB) entende que “fácil construir estradas porque a população paga duas vezes. Espero que o governo dialogue um pouquinho mais, pois estou preocupado com o que a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A – empresa responsável pela implantação dos contornos) está fazendo”.
Na avaliação de Solange Ramos (PROS), “o governo quer enfiar esse pedágio goela abaixo e não podemos aceitar”.
Único voto contrário foi do vereador Teimoso que entende que o pedágio é necessário para a manutenção da nova rodovia que vai beneficiar o Porto e a comunidade.
Reunião secretário
Ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, o prefeito Ernane Primazzi (PSC) declarou que na próxima semana deve se reunir com o secretário estadual de Logística e Transporte Saulo de Abreu Castro Filho, para tratar dos critérios que serão estabelecidos para a implantação do pedágio.
Na avaliação do prefeito, a decisão sobre o local do pedágio deve ser discutida entre os municípios afetados. “Até agora ninguém falou nada sobre isso. O pedágio já era previsto, mas pensei que fosse ser anunciado mais para frente. Ainda não temos nem a estrada e já estão definindo isso”, argumentou Primazzi acrescentando que vai querer saber quantos e onde serão instalados, adiantando que se for um em São Sebastião e outro em Caraguatatuba está de acordo, caso contrário, serão necessárias novas tratativas.
Sessão de quase 5 horas tem entrega de moções de aplauso e leitura de 32 requerimentos
Era para ser uma sessão não tão extensa, uma vez que estava prevista a entrega de Moções de Aplausos a três personalidades. No entanto, foram quase 5 horas de discussão de requerimentos, 32 no total, leitura de ofício do Ministério Público recomendando cuidado com a contratação para a futura Fundação da Saúde e outros debates entre os vereadores da Câmara de São Sebastião.
A sessão começou por volta das 18h20 e parte do expediente foi concluída por volta das 22h30 quando teve início as homenagens ao delegado seccional do Litoral Norte, Cléber Henrique Oliveira, com indicação do presidente da Casa, vereador Marcos Antonio Ferreira Tenório (PSC); ao padre Antonio Maria, pároco da Igreja São José, na Topolândia, por iniciativa do parlamentar Edvaldo Pereira Campos, o Teimoso (PSB) e ao médico Cícero Cavalcanti, por apontamento de Ercílio de Souza (Solidariedade).
No caso de Cleber Oliveira, Tenório justificou que foi pelo trabalho desenvolvido no município desde maio deste ano quando ele assumiu e com a implantação o Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra).
“Esse é um reconhecimento pelo serviço que a Polícia Civil presta a São Sebastião e esta homenagem não é para o Cléber, mas para todos os delegados e policiais que trabalham comigo”. Ele destacou, ainda, que o Garra veio para reprimir as ocorrências e não ficar só passeando com a viatura. “Agradeço ao nosso diretor (João Barbosa Filho) por ter me confiado essa responsabilidade”.
Para ele, a homenagem é boa e chega em boa hora. “A polícia só vive tomando pancada e aplauso nunca surge, por isso agradeço”, disse o seccional já antecipando que a Operação verão 2013-2014 será diferente, com a polícia colocando bandido na cadeia. Emocionado, o padre Antonio Maria contou que desde cedo ficou de joelho para pedir ao Senhor sobre o que dizer naquela momento. “Entendi que devera dizer a vocês o quanto é importante a Deus tê-lo em primeiro lugar e em nossas decisões”.
O padre Sérgio Costa, pároco da Igreja Matriz de São Sebastião, lembrou da simplicidade e singularidade do padre homenageado que toca e conquista cada fiel. “Quando ele usa as palavras acalma nossos corações e esta homenagem é mais do que justa”.
Em relação ao médico Cícero Cavalcanti, o vereador Ercílio disse que sua homenagem foi por conta da dedicação que tem para com seus pacientes. “São 40 de manhã e até 30 à tarde, mas ele sempre está lá para atender a quem precisa. É uma pessoa que resolve”.
A sessão só terminou por volta das 23h15 após cinco vereadores usarem a tribuna.
Foto: Jorge Mesquita/IL
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