Operação “pare e siga” continua atrapalhando usuários da Tamoios






Dersa afirma que seu compromisso é entregar os 49 km do trecho de planalto duplicados até dezembro deste ano; detonações de rochas estão em sua fase final
Thereza Felipelli


As interdições realizadas através da operação “pare e siga” para a realização das obras na Rodovia dos Tamoios têm atrapalhado a vida de muitos usuários. A previsão da Dersa Desenvolvimento Rodoviário era de que as chamadas interdições totais – realizadas diariamente das 0h às 4h30 nas obras do trecho de Planalto (desde maio de 2012) para detonações de rocha – seriam finalizadas em setembro. As interdições diárias também tinham previsão de serem encerradas em meados de agosto.
Essa paralisação vem causando reclamação por parte de muitos estudantes do Litoral Norte que frequentam diariamente as faculdades localizadas no Vale do Paraíba. Muitas vezes, com essas interdições durante a madrugada, estudantes acabam dormindo na rodovia, por não conseguirem chegar a tempo para passagem antes do início dos trabalhos de detonações.
O problema vem sendo alvo de intervenções de muitos políticos junto ao Governo do Estado. No final de agosto, o deputado estadual Marco Aurélio (PT) esteve em São Sebastião em reunião com o ex-candidato a prefeito da cidade pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Puga, e com os moradores e lideranças do bairro Topolândia, Região Central da cidade. O vereador professor Gleivison Gaspar, de São Sebastião, também tem batalhado para resolver o problema.


Reclamações
O estudante Helio Monteiro, 21 anos, é um dos prejudicados. “O ‘pare e siga’ vem nos prejudicando e muito. A falta de compreensão do Dersa e do Governo do Estado com os estudantes não é de hoje, saímos das universidades do vale por volta das 22h30min para conseguirmos passar no trecho de paralisação que fecha a rodovia ás 0h e se não conseguir passar até 0h ficamos até 4h30min parados sem segurança”, comentou. “Acho que deviam fazer um melhor planejamento dessas operações e espero que elas terminem o quanto antes”, completou Monteiro.
Segundo ele, na quarta-feira passada, estudantes da linha 2 que sobem para estudar em duas universidades do Vale do Paraíba tiveram que dormir na Rodovia dos Tamoios por conta de 11 minutos. “Isso é um absurdo, ficaram até 4h30min. A estudante Elisangela Dias me relatou que seu ônibus tinha quebrado e, depois que conseguiram vir sentido litoral, por conta de 11 minutos não deixaram eles passar no trecho de interdição. Vejam só como o Governo do Estado de São Paulo atende os estudantes, foram vinte universitários que dormiram na rodovia”, reclamou o estudante.
As operações “pare e siga” realizadas ao longo do dia também têm sido alvo de reclamações de muitos usuários em virtude do grande atraso causado na viagem de Caraguatatuba a São José dos Campos, por exemplo, que antes durava cerca de uma hora e meia e hoje leva quase três horas.
Segundo a professora Tatiana Carneiro Zamith, 47 anos – que depende da estrada para ir e voltar do trabalho – a concessionária tem cometido “absurdos”. “Conheço muita gente que tem sofrido com o descaso da Dersa. Eles param por horas durante o ‘pare e siga’, que mais parece na verdade ‘pare e não siga’”, reclamou. “Se existem ambulâncias, pessoas com necessidades especiais, cargas perecíveis, nada nem ninguém é informado de quanto tempo irá ficar a mercê de uma espera absurda. Não são orientados desvios e nem sequer criados desvios, como já presenciei nas obras em diversas rodovias”, continuou Tatiana, que comentou que, após reclamação, começaram a prestar mais atenção e colocaram funcionários para observar se há alguém com necessidade e têm avisado quanto tempo vai demorar. “Mas os absurdos que aconteceram há pouco tempo foram muito grandes. Eles estão sendo bem pagos para nos manter informados”.


Interdições na madrugada
Segundo o presidente da Dersa, Laurence Casagrande Lourenço, para a decisão pelas interdições nesse horário na madrugada, foi realizado um estudo que apontou que o movimento cai muito na rodovia durante esse período. A média entre meia noite e 1h da madrugada são 177 veículos por hora. De 1h a 2h são 110 veículos, caindo para 73 das 2h as 3h e 76 das 3h às 4h. O movimento sobe das 4h às 5h para 106 veículos e de 5h às 6h para 111 veículos. Não raramente essa interdição é excedida, pois é feita para detonação de rochas e não há 100 % de controle do trabalho, que ocasiona uma demora para limpeza da pista.


Dersa responde
Questionada, a Dersa disse lamentar os transtornos causados aos usuários da rodovia e aos moradores da região por conta das obras, mas afirmou que tem tomado todas as medidas para que esses problemas sejam minimizados e o trabalho possa ser realizado com segurança. Segundo a empresa, essa é uma situação transitória e, em breve, os usuários contarão com uma das mais modernas e seguras rodovias do país.
“Realizar a duplicação de uma rodovia como a Nova Tamoios é um desafio complexo, por se tratar de obras em uma pista de alto tráfego e com poucas rotas alternativas. A Dersa mantém seu compromisso de entregar os 49 km do trecho Planalto duplicados até dezembro deste ano com o mínimo de impacto aos usuários e sem abrir mão da segurança dos motoristas, trabalhadores e moradores da região”, declarou a empresa.
Ainda de acordo com a Dersa, as detonações de rochas estão em sua fase final. Por esse motivo, tem diminuído o número de interdições nesse horário e no início da tarde. Estamos utilizando também outros métodos para fragmentação de rochas sem o uso de explosivos, que substituem as detonações sem a necessidade de bloqueio total.
As interdições parciais podem ocorrer durante todo o período de obras. Nesses casos, as operações Pare/Siga são realizadas em períodos de até 15 minutos de fechamento da via. É importante que os usuários se informem sobre as condições de tráfego e possíveis interdições na via e programem a viagem. Estão disponíveis vários canais de comunicação: telefone 0800 055 5510, Twitter @novatamoios e site www.dersa.sp.gov.br. O usuário também é informado por meio de comunicados diários encaminhados à imprensa e entidades importantes da região como hospitais, corpo de bombeiro e empresas de transportes.
Com relação a urgências, a Dersa informou que tem acordo com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da região para que ambulâncias em situação de emergência possam trafegar na via antes do bloqueio programado, com a possibilidade de adiar o início das detonações. Quando a intervenção na via não oferecer risco, os veículos de emergência também podem ser liberados.

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