Cadeirante com escaras aguarda retomada de tratamento há mais de um mês







Moradora do Itatinga necessita de mais 10 sessões em câmara hiperbárica; agendamento não foi feito por falta de contrato, alega paciente
Cristiane Lopes


A história de vida da ex-ajudante de cozinha Genelinda Marroque da Silva, 42 anos, se confunde com a de outras tantas pessoas que saem de seus Estados de origem com destino ao de São Paulo em busca de oportunidades de trabalho e melhores condições de vida. O sonho de vencer na vida com muita dedicação e trabalho foi relegado, pelo menos por um tempo, a um segundo plano. O objetivo de Genelinda agora é recuperar a saúde para poder ir para sua terra natal.
Natural de Porangatu (GO), ela mora em São Sebastião há cerca de um ano. “Vim para cá com o meu marido depois de receber uma proposta de emprego, em São Paulo, para trabalharmos aqui como caseiros, mas, quando chegamos, vimos que a situação era outra. Não cumpriram com o combinado e eu até agradeci por não ter passado na experiência. Comecei a trabalhar em um restaurante em Barequeçaba, foi quando aconteceu o acidente, há uns cinco meses”.
Genelinda estava subindo uma escada quando caiu. A queda provocou quatro fraturas na coluna e o rompimento da medula, fazendo com que ela ficasse paraplégica.
“Minha mãe passou por uma cirurgia no Hospital Regional de Taubaté para voltar a sentar”, afirma a filha Gislene Marroque de Sousa, 16 anos, que hoje se dedica integralmente à mãe. “Foi nesta época que apareceu a primeira escara. Depois de um mês de internada, este número passou para cinco”.
Escara é uma crosta resultante da necrose de tecido por traumatismo, também comuns em pacientes acamados ou imobilizados. Em Genelinda, elas se espalharam pelo pé, quadris e nádegas. “A médica receitou 10 sessões em câmera hiperbárica e as feridas melhoraram muito. Ela então recomendou outras 10 sessões, mas não conseguimos agendá-las porque nos falaram que não havia contrato e pediram para a gente aguardar. Só que já tem mais de um mês e as feridas estão começando a crescer de novo”, conta a filha.
Enquanto isso, Genelinda afirma sofrer com dores nas costas e falta de ar. “Preciso sarar logo dessas feridas para poder iniciar a fisioterapia. Só quero poder recuperar a minha saúde e voltar para a minha cidade. Lá terei mais pessoas para me ajudar”, desabafa.
O técnico especialista em câmara hiperbárica, Samuel Alves, 22 anos, diz que o tratamento é indicado para feridas de difícil cicatrização e em processo de infecção. “A oxigenação promovida pela câmara acelera o metabolismo celular, sanando a infecção e potencializando a renovação celular. O tratamento é indicado quando a medicação não é o bastante para conter a infecção”, relata.
Na última segunda-feira Genelinda começou a receber a visita de agentes de saúde da equipe de Estratégia Saúde da Família (ESF) do bairro do Itatinga para fazer curativos e orientar a paciente e familiares.


Situação normalizada
A assessoria de imprensa da Prefeitura de São Sebastião informa que o caso desta paciente foi encaminhado ao setor responsável da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) que orienta a munícipe a procurar a unidade de saúde mais próxima de sua residência para que a enfermeira do Programa de Saúde da Família (PSF) possa dar todo o apoio necessário para os curativos.
Em relação às sessões na câmara hiperbárica, a Sesau esclarece que precisou fazer um ajuste contratual no convênio, mas que a situação já está normalizada e, portanto, caso a paciente queira já pode programar o agendamento do tratamento.
Qualquer dúvida, segundo a prefeitura, o telefone 3891-3409 está à disposição da moradora para mais esclarecimentos.


Foto: Jorge Mesquita/ IL

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