Ameaça de mortes em escola de Maresias atemoriza pais de alunos







Movimentação de alunos no quarteirão que abriga duas escolas e a creche do bairro
Helton Romano


A notícia de que a Escola Edileusa Brasil Soares, no bairro de Maresias, na Costa Sul de São Sebastião, seria alvo de um atentado provocou alvoroço na tarde de segunda-feira. Pais de alunos correram, desesperados, para buscar seus filhos na escola. Os boatos acabaram respingando também na creche que fica no mesmo quarteirão.
“O que me contaram é que tinham três bandidos fazendo crianças de refém”, conta Angélica de Moura, mãe de uma menina que frequenta a creche. Houve também quem falasse em bomba e de uma ligação telefônica que ameaçava invasão à escola.
De concreto, a direção da escola confirmou a existência de duas folhas de sulfite contendo 27 nomes, entre alunos e funcionários. Acima dos nomes estava escrito: “lista de morte”. Segundo a diretora, essa lista foi encontrada por uma faxineira, na terça-feira da semana passada, quando fazia a limpeza numa sala de aula. O caso vinha sendo mantido sob sigilo até então. “Iniciamos uma investigação interna e evitamos alarmar os pais”, disse Leda dos Santos, que também teve o nome incluído na lista.
Mas a notícia vazou e, diante da repercussão, Leda decidiu comunicar a polícia, segundo ela, por precaução. Os boatos chegaram ao conhecimento do prefeito Ernane Primazzi (PSC) que, na segunda-feira, telefonou para a diretora a fim de se inteirar do que havia acontecido. A secretária de Educação, Ângela Couto, se dirigiu ao local para se reunir com Leda. Ontem, uma viatura da Guarda Civil Municipal ficou de prontidão, ao longo do dia, na porta da escola.
Oito câmeras de monitoramento foram instaladas na unidade, mas apenas cinco estão funcionando. Agora, a secretaria deu o aval para a compra de novos equipamentos.
Para a diretora, tudo não passa de uma brincadeira de mau gosto. “Quem faz isso é um psicopata”, declara Leda. Quanto aos boatos, ela atribui a “pessoas que querem desestruturar a escola”.
Em nota oficial, a Prefeitura informou que está averiguando todos os fatos e para não prejudicar a investigação e colocar em risco a integridade física dos envolvidos, já registrou boletim de ocorrência e que aguarda mais informações para tomar as ações cabíveis.


Faltas em massa
As aulas não foram suspensas, mas ficaram esvaziadas ontem. Ainda assustados, muitos pais não permitiram que seus filhos fossem à escola. Em média, cada sala de aula teve a presença de apenas 10 alunos. Ao longo do dia, funcionários tentavam tranquilizar os pais que ligavam para a escola.
No prédio onde funciona a creche e o ensino infantil, o temor não foi diferente. Das 96 crianças matriculadas na creche, somente 26 compareceram pela manhã. No mesmo período da turma de educação infantil, apenas 44 dos 150 alunos assistiram às aulas. “Mesmo que seja boato, a gente fica com receio”, confessou uma funcionária que não quis se identificar. Já o aposentado Ronaldo de Jesus, 61 anos, se recusou a deixar de levar sua neta à escola. “Foi uma brincadeira de criança”, acredita.


Foto: Helton Romano/IL

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