Praças de Boiçucanga sofrem com falta de manutenção




Praças de Boiçucanga sofrem com falta de manutenção

Placa de obra abandonada na mais antiga praça do bairro
Helton Romano


Tradicionais pontos de lazer e de convivências, as praças públicas do bairro de Boiçucanga apresentam sinais de abandono. O Imprensa Livre visitou quatro delas e observou, pelo menos, dois problemas em comum: bancos destruídos e piso danificado.
Na Praça Pôr do Sol, rachaduras e tábuas quebradas marcam os pavilhões onde são realizadas oficinas culturais. Buracos no teto prejudicam as atividades em dias de chuva. Sem contar com qualquer vigilância, o local fica vulnerável a ações de vandalismo. Os banheiros têm vidraças quebradas. No masculino, nem porta tem. As pichações estão por toda a parte. Problemas na pista de skate também são visíveis. Um playground de madeira está com pregos expostos. Para completar, há denúncias de consumo de drogasno local.


Um projeto de reurbanização da Praça Pôr do Sol chegou a ser anunciado pelo prefeito Ernane Primazzi (PSC) e contou até com a presença do então ministro Luiz Barreto, em cerimônia realizada há dois anos. A Prefeitura receberia R$ 4,8 milhões do GovernoFederal para a obra. O convênio, porém, acabou sendo cancelado em função de a Prefeitura não ter iniciado os trabalhos dentro do prazo estipulado.
A Praça da Alegria não vem fazendo jus ao nome. Pedaços de concreto estão jogados no jardim que tem bancos deteriorados. Além do uso pela comunidade, a cada quatro anos o espaço é palco de promessas eleitorais já que recebe os comícios de Boiçucanga. Situação semelhante pode ser vista na Praça da Mentira, reduto de famílias caiçaras e onde está localizada a primeira capela do bairro. Na Praça Elpídio Romão Teixeira, a mais antiga de Boiçucanga, uma obra de revitalização teve início em dezembro de 2010. O projeto previa mesas cobertas de jogos lúdicos; novo paisagismo; luminárias; rampas de acessibilidade; piso tátil e direcional; telefones públicos; área para venda de artesanatos; entre outros equipamentos.


Para executar a obra, foi contratada a empresa Engerclima que, na época, chegou a cercar uma área com tapumes. Dois meses depois, os serviços foram paralisados e no local ficaram apenas quatro tubos de PVC concretados e a placa que exibe informações da reforma. No final de 2012, a Prefeitura comunicou ao Imprensa Livre que a obra seria retomada no primeiro trimestre deste ano, o que não aconteceu.
Inaugurada em 1981, a praça se tornou um tradicional ponto de encontro e de referência no bairro. Hoje, com mil metros quadrados de área, abriga uma agência bancária, igreja, academia de lutas, cursos profissionalizantes, ponto de táxi e banca de jornal. É também o endereço do mais antigo colégio da Costa Sul, o Walkir Vergani, e onde é realizada a solenidade de hasteamento das bandeiras na semana da Independência.
O comerciante José de Moraes, 54 anos, define o estado das praças como uma “judiação”. “Uma região que arrecada tanto dinheiro não podia deixar as praças sem manutenção”, opina. O taxista Ricardo Alexandre da Silva, 37 anos, pensa da mesma forma. “Teriam que ser bem cuidadas”.


Cobranças e promessas
A reportagem questionou a Prefeitura sobre o estado das praças e indagou se existe algum projeto de revitalização, mas não obteve respostas. O vereador Ercílio de Souza (PV), morador de Boiçucanga, também pediu explicações sobre os problemas relatados. Ele recebeu um ofício assinado pelo prefeito, dando conta de que estaria se tentando firmar um novo convênio com o Governo Federal para reurbanizar a Praça Pôr do Sol. Em relação à Praça Elpídio Romão Teixeira, o prefeito garantiu que será dada continuidade na obra abandonada há dois anos e meio, mas não quis fixar prazos. Já para a Praça da Mentira, a promessa é de que sejam realizadas melhorias neste segundo semestre.
“As praças são o charme dos bairros, mas do jeito que estão deixam uma má impressão aos turistas”, entende Ercílio. “A praça Elpídio era um lugar que se fazia festas, um ponto de encontro do bairro. Hoje está morta”, acrescenta o vereador, deixando de lado a condição de integrante da base governista na Câmara. “Sei que tem gente que não vai gostar do que estou dizendo, mas, antes de ser vereador, sou morador do bairro”, conclui Ercílio.


Foto: Helton Romano/IL

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