Em noite de manifestações, Câmara aprova área ambiental na Costa Sul





Grupos que defendiam diferentes causas lotaram dependências do plenário na última sessão
Helton Romano

Os vereadores de São Sebastião tiveram que encarar novas manifestações na sessão da última terça-feira. Um grupo de aproximadamente 20 pessoas pedia a aprovação do projeto de lei que cria uma Área de Proteção Ambiental (APA), abrangendo os bairros da Baleia e Barra do Sahy. “Desenvolvimento sustentável sim, degradação não”, dizia uma das faixas exibidas.


No decorrer da sessão, outro grupo menor ocupou a plateia para protestar contra a alteração do nome de uma rua no Pontal da Cruz. “Queremos o nome da nossa rua de volta: São Nicolau!”, reivindicava a faixa erguida pelos manifestantes. Ainda houve espaço para outra faixa que protestava contra a construção de uma rodovia na Topolândia.
Nesse clima, os vereadores apressaram as votações dos requerimentos. Coringa (PSD), líder do governo na Câmara, foi impedido de rebater as críticas de Gleivison Gaspar (PMDB) à Administração. Segundo o presidente Marcos Tenório (PSC), houve um acordo para que somente os autores dos requerimentos comentassem a respeito. Visivelmente contrariado, Coringa se calou.
A criação da APA não estava prevista na pauta da sessão, mas foi incluída em regime de urgência. Antes da votação, os manifestantes distribuíram camisetas aos vereadores. Apenas Solange Ramos (PV) recusou. “Não pegou camiseta?”, indagou Simei Ferreira (PSC). “Pra quê se não vou votar a favor do projeto? Tem que ser verdadeira”, respondeu Solange.


Na tribuna, ela reafirmou sua posição. “Vai sair dinheiro da Secretaria de Meio Ambiente para custear a APA quando poderia ser usado para arrumar as ruas e em saneamento básico”, argumentou a vereadora. “Espero que vocês da APA também levem os turistas à Baleia Verde para mostrar a beleza que é lá”, ironizou Solange, que finalizou o discurso sob vaias dos manifestantes e discutiu com a líder do movimento.
Já o colega de partido, Ercílio de Souza (PV), considerou a APA “um grande presente” aos bairros abrangidos. Para ele, “a pesca artesanal será valorizada com esse projeto”. “Eu, como representante do Partido Verde, aprovo a APA”, antecipou Ercílio.
Apesar de se declarar contra o projeto, Solange permaneceu sentada no momento da votação, o que indica o voto favorável. Após a sessão, ela disse à reportagem que o projeto ainda não havia sido votado. “Votamos somente o parecer das comissões”, afirmou Solange, rejeitando a possibilidade de ter se confundido. A reportagem, no entanto, confirmou junto ao presidente a aprovação unânime do projeto que cria a APA. Antes de seguir para sanção do prefeito, o projeto ainda precisa ser aprovado, em segundo turno, na próxima sessão.

“Induzido”
Já a manifestação de moradores do Pontal da Cruz pode motivar os vereadores a cancelarem uma lei que vigora há menos de três meses. Originalmente batizada de Rua São Nicolau, a via mudou de nome, após aprovação de um projeto na Câmara, passando a se chamar Rua Vereador José Luiz Soares.
Agora, diante dos manifestantes, alguns vereadores já ameaçaram voltar atrás. “A gente foi induzido (a aprovar o projeto). Não terei constrangimento em revogar a lei. Peço desculpas aos moradores”, declarou o vereador Teimoso (PSB). Da mesma forma, Reinaldinho (PSDB) e Ernaninho (PSC) também admitiram a possibilidade de cancelamento.


O presidente Tenório, autor da lei que alterou a denominação da rua, não se pronunciou na tribuna. Ao Imprensa Livre, disse ter recebido um abaixo-assinado dos moradores que apoiavam a homenagem ao ex-vereador, falecido em março deste ano. “Os familiares nos encaminharam todo o histórico para justificar a homenagem. Na ocasião, ninguém se manifestou contra. Assumo a responsabilidade e não vou propor a revogação”, avisou Tenório.


Foto: Jorge Mesquita/IL

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