Aproximadamente 150 moradores se reuniram mais uma vez com representantes do Executivo e da Câmara Municipal, na noite da última segunda-feira
Acácio Gomes
Cerca de 150 pessoas participaram na noite da última segunda-feira, na Escola Municipal Walfrido Maciel Monteiro, no Morro do Abrigo, de mais uma reunião para tratar das obras viárias do chamado Contorno Sul. O encontro, desta vez sem a presença de técnicos do Dersa, teve a participação de representantes do Executivo e da Câmara.
Pelo traçado oficial apresentado pelo Estado, somente no bairro serão reassentadas pelo menos 42 famílias. Na primeira versão da obra viária, o número de reassentados chegava a 161. Porém, descontente com o novo traçado, a comunidade do Morro do Abrigo exige mudanças, ou seja, que a obra não afete nenhum morador.
Presente ao encontro, o prefeito de São Sebastião, Ernane Primazzi (PSC), comentou que a decisão será da comunidade, porém três opções foram dadas.
“Os moradores vão decidir. Temos a opção de aceitar o atual traçado, cujo inconveniente são as desapropriações e a parte visual do viaduto. Temos ainda a opção de um túnel, que não afetaria ninguém. E por fim, a opção de não querer a rodovia”, explicou.
Ernane admitiu que a questão do túnel pode ser uma saída. “Tecnicamente é viável, mas o Dersa também tem que analisar a sua viabilidade econômica, ou seja, se vai encarecer muito a obra”.
Ele reafirmou garantias que nenhuma certidão será dada para o empreendimento caso algumas mudanças sejam feitas no traçado. “O projeto executivo ainda não foi feito, por isso entendo que mudanças podem ocorrer. Se o Estado ficar relutando, acredito que a disputa vai ser na esfera judicial”.
Ainda sobre as questões jurídicas, o prefeito entende que no caso de desapropriações, a questão de posse tem de se levar em conta. “Mesmo com a posse, o Estado garante a indenização”, afirmou.
Documentos
Um dos moradores presentes, o advogado Paulo Guimarães sugeriu aos presentes que a população possa participar da elaboração do documento que vai acompanhar o abaixo assinado.
“Sugiro que uma pessoa participe da confecção do documento, até contando a realidade local. Sugiro ainda que os vereadores aprovem um requerimento reafirmando a decisão da comunidade. Com os dois documentos, a força é maior, ou seja, um documento comunitário e um documento da Câmara”, cita.
Vereadores
Presentes ao encontro, os vereadores novamente discursaram sobre o assunto e esperam que o Dersa atenda as reivindicações da comunidade. O parlamentar Marcos Fuly (PP) resumiu afirmando que “a Câmara tem que discutir o melhor caminho com a comunidade”.
Um dos críticos ao processo de implantação da obra viária na cidade, o vereador Professor Gleivison (PMDB), pediu respeito com a comunidade.
“Não é de hoje que sou um crítico ao Dersa. Entendo que foi um processo desrespeitoso, mas fico aliviado com a postura do prefeito. Ninguém é contra a rodovia, contra o Porto de São Sebastião, mas somos a favor do povo. O Estado tem sim que se curvar para o povo de São Sebastião. Se for para fazer uma ferida política, vamos fazer. As eleições do ano que vem estão chegando”, alertou.
O presidente da Câmara, Marcos Tenório (PSC), destacou a importância das reuniões. “Ninguém é contra a estrada. Se a comunidade quer o túnel, devemos acatar. É importante o abaixo assinado”.
Já o vereador Ernaninho (PSC) reafirmou ser contra os traçados apresentados. “Transpareceu ao Estado que aqui era um lugar pequeno, que a cidade oferece poucos votos. Reafirmo que sou contra a estrada no Morro do Abrigo, na Topolândia e no Jaraguá. O que vejo de bom em tudo isso é que a Câmara está 100% unida com a Prefeitura em prol da comunidade. Isso é histórico”, avaliou. O parlamentar tucano Jair Pires disse que muitas mudanças foram feitas em relação ao traçado anterior. “Só mudou porque houve empenho de todos, comunidade, Prefeitura, Câmara. Político sem o povo não é nada e por isso é importante a comunidade se manifestar”.
O último a discursar foi o vereador Edivaldo Teimoso (PSB). “Sou favorável a obra, mas com um menor impacto social e ambiental. Sou favorável ao túnel, pois o impacto é menor”.
Ao final da reunião, representantes dos moradores mais antigos do Morro do Abrigo se manifestaram e questionaram as autoridades. “Não queremos falar em dinheiro. Queremos saber da história. Quanto vale a família do Morro do Abrigo?”, citaram os presentes.
Foto: Jorge Mesquita/IL
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