Greve de médicos em Caraguá triplica número de partos em São Sebastião







Aumento da demanda provoca cancelamento de cirurgias; para interventor do hospital, “situação é preocupante”
Cristiane Lopes


A greve dos médicos da Casa de Saúde Stella Maris, em Caraguatatuba, triplicou o número de atendimentos na maternidade do Hospital de Clínicas de São Sebastião. Desde quinta-feira, quando teve início a paralisação, até a tarde de ontem, foram realizados cerca de 30 partos. “Nossa média é fazer de três a quatro partos por dia”, conta o interventor do hospital Cláudio Delgado.
Somente no último sábado, 11 partos aconteceram na unidade, sendo oito gestantes de Caraguatatuba. A demanda fez com que a direção do hospital recorresse às salas de cirurgia. “Para os casos de parto normal, conseguimos montar uma sala de pré-parto. Mas no caso das cesáreas, precisamos do centro cirúrgico, que tem apenas três salas”, declara Delgado.


Ele considera a situação “preocupante”. “Se ocorrer um acidente, por exemplo, com quatro ou cinco feridos, que precisam de cirurgia, o que eu faço? Ajudo quem vai nascer ou aquele que corre risco de morte?”, preocupa-se o interventor.
Outro ponto que aflige a população é a falta de leitos de UTI Neo Natal. Isto porque, a Stella Maris é referência na região no que diz respeito ao atendimento de prematuros ou recém-nascidos que necessitam de cuidados especiais. A unidade conta com 10 leitos de UTI Neonatal, essenciais para a sobrevivência dos bebês. “Fizemos um parto de 35 semanas, considerado de risco. Felizmente correu tudo bem com a mãe e a criança. Mas já não poderíamos contar com a Stella Maris, que recebe recursos do Governo do Estado para oferecer o serviço”, revela Delgado.


Cirurgias canceladas
Para dar prioridade aos casos de emergência e partos, foram canceladas 15 cirurgias eletivas, desde quinta-feira. Aquelas marcadas para hoje deverão ter o mesmo destino. Segundo o interventor, o centro cirúrgico do hospital pode realizar entre 10 e 12 cirurgias por dia. As de emergência e as cesáreas têm prioridade.
Mas as eletivas culminam em outro problema: geralmente os pacientes aguardam o procedimento de dois a três meses. “Nosso cronograma de atendimento está sendo prejudicado. E hoje eu não consigo remarcar essas cirurgias na situação em que nos encontramos. Nossa expectativa é que essa questão da Stella Maris seja resolvida o quanto antes. Estão colocando não só a saúde de Caraguá em risco, como também a de São Sebastião”, aponta o interventor do hospital sebastianense.


Ilhabela
Em contato com o Hospital Municipal Mário Covas Jr., de Ilhabela, o diretor administrativo da unidade, Eduardo Rosmaninho, confirmou o recebimento de duas crianças, de 2 e 4 anos, transferidas de Caraguatatuba, com apendicite, na última sexta-feira. No entanto, apenas uma precisou ser operada e seguia internada, em pós-operatório. A outra criança recebeu alta neste domingo. O serviço de pronto-socorro funcionava dentro da normalidade.


Foto: Helton Romano/ IL

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