Manifestantes param travessia São Sebastião/Ilhabela; mais de 3 mil vão às ruas de Caraguá Cartazes da passeata de Caraguatatuba, onde três mil pessoas foram às ruas, solicitando melhorias na Educação, Saúde e Transporte PúblicoProtesto pacífico reúne mais de 3 mil pessoas em Caraguá




Acácio Gomes e Mara Cirino


Cerca de 3 mil pessoas participaram na noite de ontem, em Caraguatatuba, da manifestação em prol de melhorias em diversas áreas como saúde, educação, segurança, contra a corrupção, mas principalmente cobrando melhorias no sistema de transporte público no município. Vale lembrar que a cidade é a única da região que ainda não reduziu a tarifa da passagem de ônibus.


Acompanhados de perto por policiais militares, os manifestantes percorreram as principais ruas da região central, em um percurso de mais de duas horas, e finalizaram o protesto em frente à Câmara e a Prefeitura onde cobraram a presença do prefeito Antonio Carlos da Silva, que não estava no local.
Jovens, crianças, idosos e até cachorros se misturam pelas avenidas da cidade. O ponto inicial do protesto foi quando a organização pediu aos manifestantes que não praticassem atos de vandalismo. O start para o manifesto foi quando os presentes cantaram o Hino Nacional brasileiro. Ao longo de todo o trajeto ainda entoaram gritos de guerra, fizeram ‘ola’ coreografada e convidaram quem estava de fora para “ir pra rua”.


Motivação
O que se viu pelas ruas de Caraguatatuba foi milhares de pessoas protestando pelos mais variados motivos. Faixas, cartazes, gritos de guerra marcaram a manifestação. Mãe e filha foram às ruas da cidade também para protestar. Maria das Dores dos Santos, 53 anos, e Maryah Cassemiro, 16 anos, vieram do bairro Martin de Sá para deixar o recado. “Estou cansada de tanta corrupção. Tem jogador falando besteira e estão jogando dinheiro ralo abaixo”, desabafou a dona de casa.


“Upa??? Desculpa!!!”. Com este cartaz a estudante Cintia Arantes, 25 anos, do Rio do Ouro, mandou seu recado de que está tudo errado. Já sua amiga Lane Sofia, 24 anos, do Jardim Gaivotas, criticou o valor da tarifa de ônibus que foi o motivo inicial da manifestação.
Devidamente paramentados com lenços da cor da bandeira do Brasil, os labradores Carol e Ginger também foram às ruas para dar o recado ao lado da dona Maria Aparecida Logare, 56 anos, que estava com o filho João Dale Logare Neto, 32 anos. “Viemos pelos direitos dos animais, pela castração de graça, por mais saúde”, resumiu a manifestante.


O gigante acordou! Me chama de copa e investe em mim! Saí do mar para protestar! Abaixo a desapropriação!. Estas foram algumas das frases pintadas pelos manifestantes que por mais de duas horas caminharam pelas ruas centrais.

Comércio
Os principais comércios da região central fecharam as portas antes do manifesto, ou seja, por volta das 17h. Porém, o fechamento não era por conta do medo de atos de vandalismo e sim que os comerciantes queriam participar do manifesto.
“Fechei para participar do movimento com os jovens. Acho justa a luta e temos que apoiar”, disse o comerciante Sérgio Luiz dos Santos.
A reportagem encontrou também duas balconistas de uma loja de roupas ainda uniformizadas. “Fechamos a loja e viemos dar uma força. Realmente é muita corrupção e pouca saúde”, disse Cláudia Rodrigues Bittencourt.


Embora tenha sido um dos poucos que estava com a porta do comércio aberta, João Carvalho de Araújo aplaudia os manifestantes. “É muito bom ver essa juventude lutando pelos direitos. Isso é democracia, isso me emociona, pois lembro da minha época da ditadura”.
Um supermercado localizado na região central também fechou as portas, apenas para que os funcionários pudessem acompanhar a passagem dos manifestantes, reabrindo pouco tempo depois.


Monitoramento
Segundo a Secretaria de Trânsito, 18 agentes acompanharam de perto o trajeto dos manifestantes orientando o tráfego de pedestres e veículos. Momento de preocupação apenas quando os o grupo deixou de cumprir o trajeto e seguiu a rua principal central. Foi um corre corre para os marronzinhos fecharem novas vias, mas sem incidentes. A Polícia Militar colocou todo o efetivo nas ruas e ainda várias viaturas de patrulhamento, como a Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam), Tático Móvel e Patrulhamento Comunitário. De acordo com o Capitão Edilson Ramos de Oliveira, o movimento foi extremamente pacífico. “Tudo foi bem organizado, claro que problemas de percurso ocorrem. Mas foi tudo tranquilo, até porque nos reunimos antes com os organizadores do evento, que prometeram uma manifestação pacífica”, comentou.


Mais de mil pessoas param travessia em manifestação na Ilha


Thereza Felipelli


Mais de mil pessoas se reuniram nas ruas da região central de Ilhabela na noite de ontem para mais uma manifestação popular pelo país. Exibindo cartazes e motivados por diversas causas, os manifestantes bloquearam trecho da avenida principal, a Princesa Isabel, para reivindicar, entre outras coisas, a diminuição na tarifa e a melhoria da qualidade do Transporte Público. Na cidade, o valor foi reduzido recentemente de R$ 2,90 para R$ 2,80, mas a população não quer aceitar apenas 10 centavos de diferença.


Por volta das 17h, manifestantes vindos de diversos bairros e até de cidades vizinhas já se aglomeravam em frente a um posto de gasolina no Perequê. Cerca de meia hora depois, o hino nacional (ao menos a primeira parte dele) era cantado pelos participantes, que se puseram de costas para a Prefeitura. De lá, eles caminharam até a balsa, bloqueando o acesso à ilha durante horas.
Durante o percurso, a multidão ecoava gritos de “tarifa zero”, “vem pra rua”, “busão na madrugada”, “o povo unido jamais será vencido”, e exibia faixas com os mais diversos dizeres, como “respeito a acessibilidade”, contra a impunidade”, “passe livre já”, “o povo acordou”.
Apesar dos organizadores terem pedido para que ninguém se escondesse atrás de máscaras, muitos exibiam a máscara do personagem do filme “V de Vingança”, símbolo do grupo de hackers Anonymous. Narizes de palhaço também foram muito usados por alguns. A maioria dos participantes era de jovens, como tem sido nas manifestações pelo Brasil.


Ao som de tambores e cornetas, a multidão seguiu a pé e de bicicleta por quatro quilômetros, escoltada pela Polícia Militar, do Perequê até a Barra Velha, na entrada da cidade, paralisando a balsa. Rojões explodiam durante todo o movimento assustando muitos, que gritavam “sem violência”! Uma equipe do Trânsito deu suporte a toda a passeata, que foi considerada pacífica pelo capitão Alexandre Cândido de Lima, comandante da 1ª. Cia de Polícia Militar. Cerca de 30 policiais fizeram a segurança do movimento. Alguns faziam filmagens de tudo, para o caso de ocorrências de vandalismo. “Está sendo tranquilo demais, sem nenhum problema ou boletim de ocorrência”, comentou o capitão.
Na chegada à balsa, em frente à cabine de cobrança da TPA (Taxa de Preservação Ambiental), muitos entoavam em coro “Ei, ô TPA, eu quero ver onde a grana foi parar”!


Sem microfone, a grande maioria não conseguia escutar o que os cerca de quatro líderes diziam à frente de todos. Em algumas oportunidades, um dos jovens líderes, Kim Axel Borgstrom, gritava o recado, que era repetido em coro pelos que o ouviam, para que chegasse a todos os participantes. Kim chegou a telefonar para o prefeito e fazer com que todos deixassem um recado em sua caixa postal, que dizia: “A gente só sai daqui quando o prefeito chegar”. Mas o prefeito não chegou e o povo continuou lá bloqueando o acesso ao arquipélago. Quem saiu de São Sebastião e pretendia vir pra ilha ficou na fila esperando. Duas balsas chegaram a vir e deram meia volta, entre 18h e 19h. Segundo um dos organizadores, isso não fazia parte do plano. Os que ainda permaneciam no manifesto seguiram até a sede da Expresso Fênix, que fica próxima à balsa, e permaneceram lá por cerca de meia hora, retornando para o bloqueio da balsa.
Até o fechamento desta edição, a balsa ainda não havia voltado a funcionar e o grupo de manifestantes já estava bastante disperso.
Com a palavra, os manifestantes


Segundo Kim Axel Borgstrom, um dos organizadores da manifestação na ilha, os mais diversos manifestos que estão eclodindo em todo o Brasil não estão relacionados apenas ao interesse da redução da tarifa e melhoria do transporte, e em Ilhabela também não é diferente. “Após assistirmos a belíssima imagem de passeatas e manifestos de milhares de pessoas nas ruas, Ilhabela e demais cidades não poderiam ficar de fora. Por aqui, estamos hoje lutando contra a tarifa, mas amanhã pode ter certeza que também estaremos atrás de outros assuntos que não podem passar em branco pela população”, disse.


“Estamos correndo, agora, atrás da nossa qualidade de vida, seja ela na educação, na saúde, no transporte. Não temos fins partidários e muito menos interesses no poder político, apenas queremos que usem do bom senso e mudem o rumo de nossa ilha. Não queremos teleférico e muito menos ampliação de porto, queremos saúde, educação e bons tratamentos da administração à população”, completou Kim. Segundo o designer gráfico Fernando Imakawa, a manifestação será positiva se conseguir focar no primeiro passo, que é fazer diminuir o valor da passagem ainda mais. “Lógico que temos outras pautas focadas mais para o município, mas o bacana mesmo é criarmos esse hábito de sair pra rua”, salientou. “Isso aqui é muito bacana porque partiu da juventude, foi organizado por eles, e colocou mais ou menos 8% da população da ilha nas ruas”, comentou o empresário Cleber Biscassi, que esteve presente em movimentos importantes, como o do impeachment de Collor e Diretas Já. “O povo aqui está solidário com o resto do país e não são centavos que estão causando isso, e sim a corrupção de um modo geral”, comentou o radialista Flávio Gonçalves, 47 anos.


Foto: Thito Strambi/IL


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