Comerciantes da região central se unem para buscar parcerias e promover pressão política







Menos de 20 pessoas compareceram a reunião para debater o futuro do comércio em São Sebastião
Acácio Gomes


A recente realização da chamada Feirinha da Madrugada em São Sebastião em pleno final de semana do Dia das Mães provocou a imediata reação de comerciantes do município, principalmente aqueles localizados na região central.
O reflexo disso foi à realização na manhã de ontem na sede da Associação Comercial e Empresarial de São Sebastião de um debate para discutir as diretrizes da categoria. Porém, o que chamou a atenção foi o baixo número de participantes: apenas 18, sendo nove não associados à entidade.


Do encontro, o resultado será a elaboração de um plano de intenções e ações que serão apresentados para Prefeitura, Porto e Petrobras. Os comerciantes querem uma mobilização maior e tornar a classe forte para que consiga exercer uma pressão política.
Embora entenda que a situação do comércio local não seja das melhores, o 2º vice presidente da Associação Comercial e Empresarial de São Sebastião, Olivo Balut, vê boas perspectivas no desenvolvimento do município.


“Vamos ter Tamoios duplicada, contornos, ampliação do Porto, mas hoje observo que muita gente vai morrer na praia. Hoje ainda estamos aquém. 70% dos comerciantes falam que não tem lucro. Só para se ter uma ideia, uma recente pesquisa realizada na região mostra que de cada 100 empresas, apenas quatro contratam. As outras 96 mantiveram os funcionários ou mandaram embora. Isso me preocupa muito”, salientou.
Já o presidente da Associação Comercial e Empresarial de São Sebastião, Eduardo Cimino, acredita que a realização da Feirinha da Madrugada não foi o grande problema.
“Nosso problema é estacionamento, são os preços, os horários. Não queremos reserva de mercado. Mas não podemos ter dois pesos, duas medidas, ou seja, realização de feiras fechadas, como a da Festa do Padroeiro. Porém, hoje entendo que o problema não é Prefeitura, não é Câmara, é um problema empresarial”, cita.


Comerciante há décadas no município, Cláudia Antonelli acredita ser necessário identificar o porquê do fraco movimento no Centro Histórico. “Defendo até a implantação de zona azul para que haja rotatividade. Mas precisamos olhar para os novos. Se quer fazer comércio funcionar, tem de investir”.
Já o comerciante Fernando Puga pediu para que a Associação Comercial converse com a Prefeitura para estabelecer uma parceria para um plano de marketing do novo Centro Histórico.


“Que os comércios funcionem aos domingos, que se use o Coreto. Precisamos potencializar o cenário para incentivar os atores, no caso, os comerciantes. São Sebastião se tornou território para empresários estrangeiros ganharem dinheiro. A Prefeitura é o maior empregador e comprador de São Sebastião, porém nem Prefeitura, nem Porto, nem Petrobras enxergam os comerciantes locais como parceiros. Acho que a Associação tem de ser contra sim as feiras. O que a gente vê crescer em São Sebastião são as feiras”, observou.


Desunião
A falta de participação dos empresários do município na discussão de ideias e sugestões foi comentada a todo instante da reunião. “Estou cansado de participar de reuniões, audiências, consultas públicas e não vejo o empresariado participar. Temos muitos projetos parados, porque na hora da tarefa ninguém participa. Falta o pedreiro para colocar a base”, citou Eduardo Cimino.
Os presentes sugeriram uma estratégia de bater de porta em porta nos comércios chamando a atenção que coisas precisam ser feitas e que só a união poderá produzir o efeito desejado.


O comerciante Fábio Aranha, que recentemente fechou sua loja de informática, disse que a concorrência é desleal. “Antes eu vendia mouse, depois passou a ter em papelaria e até açougue. Paraibuna abriu mais empresas do que São Sebastião. Que incentivo nós temos?”, questionou.
Fernando Puga sugeriu ainda a realização de Fóruns de Discussão que tenham a presença de representantes da Petrobras, Porto e Prefeitura. “Acho que podemos também promover uma pesquisa qualitativa para saber por que o cliente prefere comprar em Caraguá, ou seja, saber a imagem do comércio da cidade perante a observação do cliente”.


Porém, o diretor Olivo Balut acabou dando a resposta imediatamente. “Temos dados que mostram que o cliente prefere Caraguá porque lá tem opções, lá tem o que fazer, lá tem estacionamento. O comércio precisa se modernizar. Parceria é a palavra chave, seguido pela pressão política”.
Em tom de desabafo, o comerciante Luiz Antônio Prado fez uma reflexão sobre os empresários. “Primeiro precisa saber atender o cliente. Não existe a palavra bom dia em São Sebastião. Precisa investir. Eu, por exemplo, estou trabalhando com as redes sociais. Tem restaurante que fecha para almoço, aí fica difícil”, comentou.


Sem convite
O prefeito Ernane Primazzi (PSC) informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que lamentavelmente a prefeitura não foi chamada para tão importante reunião.
Contudo, segundo o prefeito, o gabinete está aberto para receber todos os segmentos e juntos traçarem metas e estratégias para o desenvolvimento do setor. “O dialogo é muito importante. Trabalhar em prol da cidade é o nosso compromisso e a participação de todos é fundamental para chegarmos a um consenso onde todos possam ser beneficiados”, destacou.


O prefeito ressalta que não existe verdade única e absoluta, e que as pessoas precisam entender que trabalhar por uma São Sebastião cada vez melhor, deve ser o objetivo de todos.
Para isso, Primazzi reforça que está aberto para receber todas as sugestões desde que sejam para o bem coletivo, enfatizando que a população está acima de qualquer benefício individual.


Foto: Jorge Mesquita/IL

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