Medo de desapropriações predomina em reunião no Morro do Abrigo





Vereadores se esforçam para tranquilizar moradores
Cerca de 50 pessoas compareceram à reunião comunitária, promovida pela Câmara de São Sebastião, na escola do Morro do Abrigo. A maioria dos questionamentos, que os vereadores tiveram que responder, focou a construção do novo acesso viário e as consequentes desapropriações. A obra, que começa nas próximas semanas, pretende ligar o porto à Rodovia dos Tamoios e afetará famílias que vivem em áreas por onde o contorno vai passar.
Apesar da iminência da obra, os vereadores presentes alegaram desconhecer o traçado da pista e que um mapa seria disponibilizado até sexta-feira. Ernaninho (PSC) revelou que, como contrapartida pelos transtornos, a construtora vai reformar o campo de futebol do bairro.
“A população está injuriada e o prefeito não olha pelo povo”, declarou uma moradora, identificada apenas como Angelina. “O Ernaninho tem uma bela duma casa, já está com a vida feita. E a gente? Onde vamos morar?”, completou.


O vereador não deixou por menos e também se disse prejudicado pela indefinição. “Existem muitas pessoas falando bobagem (sobre o contorno). Minha vida não está ganha. Sou trabalhador como todo mundo. Minha casa está cheia de goteiras e estou esperando definir a situação para reformá-la”, respondeu Ernaninho.
Outros vereadores se esforçaram para tranquilizar a comunidade. Para Reinaldinho (PSDB), estão fazendo “terrorismo” e a obra vai acontecer “com a maior responsabilidade social do mundo”. “Se for preciso, a gente entra na frente da máquina”, afirmou Reinaldinho. O vereador Teimoso (PSB) classifica a obra como “um mal necessário”. “O Dersa (órgão estadual responsável pela obra) disse que não precisa esquentar a cabeça que vai ser feito da forma correta”, acrescentou.

Cobranças
A insistência no assunto, porém, incomodou algumas pessoas que queriam discutir outros problemas. Em dado momento, o presidente da Câmara, Marcos Tenório (PSC), ‘decretou’ que não se falaria mais sobre contorno.
Dentre as principais cobranças apresentadas estão a construção de um centro comunitário, pavimentação de ruas e ampliação do atendimento no posto de saúde do bairro. Diante dos questionamentos, o vereador Reinaldinho sugeriu que, para as próximas reuniões, fossem convidados os secretários municipais. Segundo o Departamento de Comunicação da Câmara, o convite foi enviado à Prefeitura.


Sem a presença de representantes da Prefeitura, coube a Ernaninho fazer o papel de porta-voz. Ele informou que existe projeto para construir o centro comunitário; destacou que a atual Administração foi a que mais pavimentou; e que está sendo estudada a implantação de um novo posto de saúde no São Francisco. Ernaninho ainda frisou que São Sebastião “pegou em primeiro lugar no ensino” do Litoral Norte, mas não citou a fonte ou o ranking a que se refere.
Dos 12 vereadores, apenas seis participaram da reunião. Além dos já citados, estiveram presentes Jair Pires (PSDB) e Marcos Fuly (PP). As ausências de Gleivison Gaspar (PMDB) e José Reis (PSB) foram justificadas. O primeiro alegou que estava lecionando na faculdade, enquanto Reis tinha “compromisso pré-agendado”.
Previsto para as 18h, o evento começou com 25 minutos de atraso e terminou quase três horas depois. O vereador Reinaldinho e mais da metade do público não resistiram até o final e foram embora antes do encerramento. (H.R.)


Foto: Jorge Mesquita/IL
Fonte Imprensa livre

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