Mortandade de camarões aparece em praias atingidas por óleo





Prefeitura e Colônia acreditam em contaminação por vazamento; Cetesb cogita outras causas
Helton Romano

Milhares de camarões mortos chegaram às areias de praias atingidas pelo óleo que vazou do terminal marítimo da Transpetro, no centro de São Sebastião. A suspeita é de que o vazamento tenha provocado a mortandade dos crustáceos, que estão em período de reprodução. Na tarde do último domingo, pescadores avistaram os camarões e informaram a Prefeitura.


Para o secretário de Meio Ambiente, Eduardo Hipólito, o problema já era esperado. “Não sabemos ainda se foi ocasionado pelo combustível que vazou no mar, mas os indícios são grandes”, declarou. Ele explica que os camarões encontrados medem, na maioria, dois centímetros e não há chances de que estivessem presos em redes. “Esses crustáceos estão em fase de reprodução e costumam ficar numa região mais profunda do que a pesca costuma atingir”, afirma Hipólito.
As informações sobre as praias onde foi observada a mortandade ainda são desencontradas. A Prefeitura cita as praias do Arrastão e Pontal da Cruz. A Polícia Ambiental diz que o problema ocorreu entre as praias do São Francisco e Arrastão. Já a Colônia de Pesca inclui ainda a Cigarras e duas praias de Ilhabela: Armação e Pinto.


O presidente da colônia lembra que, nessa época, os camarões vêm mais próximos às praias. “Estão morrendo filhotes e a tendência é que, quando abrir a pesca, tenha menos camarão. O prejuízo será grande aos pescadores”, conclui Acácio Valdemiro. O defeso vai até 1º de junho.
Outra pesca prejudicada, segundo Valdemiro, é a da tainha. “Temos uma grande quantidade nessa região atingida pelo vazamento. Se pegar tainha agora, vai estar com gosto de óleo. Não adianta largar rede que não tá prestando”, comenta o presidente da colônia.

Cetesb
Amostras colhidas por uma equipe contratada pela Transpetro, na praia do Arrastão, estão sendo analisadas pela Cetesb para que seja apurada a causa da mortandade. O órgão afasta a possibilidade de ter relação com o derramamento de óleo.
“Normalmente, quando ocorre poluição, há mortandade de várias espécies de organismos. Neste caso, ocorreu mortandade de uma única espécie de crustáceo”, pondera a Cetesb.


Em nota enviada ao Imprensa Livre, o órgão cita a entrada de frente fria ocorrida no fim de semana, com alteração de correntes marítimas. “É possível também que se trate de animais trazidos por estas correntes de locais distantes”, cogita.
Embora considere “pouco provável pelo tempo já decorrido” desde o derramamento de óleo, a Cetesb não descarta a possibilidade de contaminação.
“Assim, teremos que aguardar os resultados laboratoriais, tanto dos organismos coletados, quanto das amostras de água e sedimento, para conclusão do caso”, finaliza o comunicado, sem fixar um prazo.


Foto: Luciano Vieira | PMSS

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