Caraguatatuba 49 anos da CATÁSTROFE DE 1967



18 de março 2016, completam-se 49 anos da tragédia em Caraguatatuba. Para lembrar os falecidos e celebrar a vida daqueles que conseguiram sobreviver.






A CATÁSTROFE DE 1967




No início do ano de 1967, durante os meses de janeiro e fevereiro, uma chuva leve e fina caía sistematicamente sobre Caraguatatuba. Toda a região da Serra do Mar tem o solo formado por matéria granítica e, consequentemente, as raízes das árvores e demais plantas não são profundas, já que no momento em que atingem as rochas se espraiam, apesar de longas. Com a chuva leve caindo constantemente durante meses, a terra que sustentava as raízes da vegetação foi se soltando.

Gradativamente, as chuvas foram aumentando de intensidade, com a densidade pluviométrica atingindo grande volume nos dias 15, 16, 17 e 18 de março. Segundo relatos de vários moradores, às 16 horas do dia 18 sobreveio a tragédia. Verdadeiro desastre natural se abateu sobre a Serra do Mar. Parte dos morros e paredões “escorregaram” e desceram em direção à cidade, destruindo tudo por onde passava, arrastando centenas de árvores, grande parte delas seculares, soterrando casas e destruindo outras, fazendo vítimas fatais.

Desciam violentamente pelo leito dos rios, principalmente do Rio Santo Antônio, com muita força, raízes e árvores inteiras, destroços de casas e corpos humanos. A ponte de concreto sobre o Rio Santo Antônio, ao lado da Santa Casa, foi levada após não suportar o peso de tanto detrito que, ao represar as águas barrentas, provocou uma enchente no centro de Caraguá.

A Fazenda dos ingleses foi violentamente atingida. Bananais e laranjais, cujos produtos eram exportados, além de quilômetros de trilhos de bitola estreita, por onde trafegavam as composições que transportavam frutas para o cais do bairro do Porto Novo (daí para o Porto de Santos e para o Exterior), foram destruídos.

Segundo o professor Artur Casagrande, na época grande autoridade mundial em mecânica de solos e fundações, o que aconteceu em Caraguatatuba foi um fenômeno raríssimo, havendo uma precipitação de água excepcional acompanhado pela dificuldade de escoamento das águas que encharcavam os morros, na área de cerca de 200 quilômetros quadrados das escarpas da Serra do Mar, junto a Caraguatatuba. Para se ter uma idéia do fenômeno, basta dizer que em Caraguatatuba, em dois dias, caíram 580 mm de chuva, quando a média anual do Brasil é de 1.000 a 1.200 mm por ano. Com isso, houve o rompimento dos maciços da serra que causou os estrondos que se ouviram a quilômetros de distância.




Historiadora

Denise Lemes

Arquivo "Arino Sant'Ana de Barros" - Caraguatatuba/ FUNDACC.
Polo Cultural "Profª Adaly Coelho Passos" - Praça Dr. Cândido Motta - 72, Centro - Caraguatatuba / SP.
Tel: 12 3883-9980 - Celular: 12 99746-1897

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