Protesto faz Câmara suspender 1ª sessão ordinária do ano






Fonte Imprensa Livre

Um princípio de tumulto entre manifestantes e pessoas que acompanhavam a sessão na parte reservada ao público foi registrado, provocando a entrada de guardas civis municipais

Cristiane Lopes



Os manifestantes roubaram a cena na 1ª sessão do ano na Câmara Municipal de São Sebastião. Conforme anunciado em encontros anteriores realizados em meados de janeiro, eles compareceram no prédio do Legislativo na noite de ontem, empunhando cartazes e protestando contra o reajuste do IPTU na cidade. Os gritos aos poucos foram abafando os trabalhos do plenário até que o presidente da Câmara, Marcos Tenório (PSC) decidiu interromper a sessão alegando motivos de segurança.

Um princípio de tumulto entre manifestantes e pessoas que acompanhavam a sessão na parte reservada ao público foi registrado, provocando a entrada de vários guardas civis municipais.

A sessão teve início pouco depois das 18h, com ausência da vereadora Solange Araújo (Pros), por motivo de saúde, segundo a assessoria de imprensa da Casa. Naquele momento, alguns manifestantes se encontraram dentro do espaço reservado ao público, empunhando faixas e cartazes – a maior parte estava concentrada do lado de fora do prédio e por um tempo foi responsável pelos gritos de manifesto contra a Câmara pela aprovação do projeto, por maioria de votos pela Casa, que reajustou o imposto. Uma faixa contendo as fotos dos vereadores que votaram a favor do reajuste foi exposta em plenário. Além da parte reservada ao público, os corredores e área externa do Legislativo também foram tomados por populares, secretários e funcionários comissionados da administração municipal.

O vereador José Ricardo dos Reis (PSB) estava na leitura de um dos requerimentos quando a voz dele foi abafada pelos brados dos manifestantes, entre eles representantes de ONGs, associações de moradores, inclusive da Costa Sul – região do parlamentar.

Inicialmente, o chefe do Legislativo suspendeu a sessão por 10 minutos e os vereadores mantiveram se no plenário, em silêncio. Depois de um princípio de tumulto, Tenório encerrou a sessão, alegando falta de segurança. Mais tarde, em seu gabinete, Tenório disse que tinha a intenção de conversar com os manifestantes depois da sessão.



“Já tinha separado até um discurso de agradecimento, mas há pessoas que tumultuaram a manifestação; que quiseram usar politicamente a manifestação e devem ser responsabilizadas por isso”. Segundo ele, “a intenção era permitir a manifestação e depois retomar a sessão, mas não foi possível”.

O vereador Reinaldo Oliveira (PSDB) disse que o partido ainda aguarda a resposta do Ministério Público (MP) sobre o pedido de cancelamento da sessão extraordinária convocada para a 2ª aprovação do projeto. “Como não obtivemos resposta até o momento, acionamos a esfera estadual do Ministério Público para saber o porquê”. Sobre a manifestação, Reinaldinho disse que “é difícil para a população se conter, está revoltada”.

Mesmo depois do encerramento dos trabalhos da Casa, os manifestantes permaneceram do lado de fora do prédio, em frente à Matriz e prometeram manter a pressão sobre a Câmara a fim de que haja uma revisão dos valores. “Não viemos aqui para brigar, mas para pedir a revisão do processo porque a população não foi consultada”, declarou Carlos Puríssimo, sindicalista e um dos coordenadores da ação. “Queremos uma consulta pública”, completou. Apoiado pelo presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Sebastião, Ivan Moreira, o advogado Daniel Galani convocou um novo ato para a próxima terça-feira.

Mais tarde, Marcos Tenório recebeu quatro manifestantes em seu gabinete, moradores das Costas Norte e Sul, representantes de ONG e associação de moradores de Barra do Una. “Sempre existe a possibilidade de estudar caso a caso; podemos pedir ao Poder Executivo algumas alterações. O que não pode haver são pessoas tumultuando e querendo ganhar politicamente em cima de uma situação”, disse na ocasião.



Foto: Jorge Mesquita/ IL





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