Chuvas de verão provocam alagamentos, inundações e desmoronamentos na região





Fonte Imprensa Livre


Em algumas casas a água chegou a pouco mais de um metro de altura

Cristiane Lopes



O fim de semana foi de bastante chuva no Litoral Norte, depois de quase um mês de estiagem e muito calor. Houve registros de quedas de árvores, desmoronamentos, deslizamento de terra, inundações e alagamentos na maioria das quatro cidades da região. As situações mais complicadas foram registradas em Ilhabela e em São Sebastião. A cheia dos rios e a maré alta ocasionaram problemas de vazão das águas em Caraguá, especialmente na região norte da cidade, e em Ubatuba, na região central.

Nesta última, segundo o secretário de Segurança Pública Artur D’Angelo, várias áreas ficaram inundadas, mas não houve registro de desabrigados ou desalojados. “Foi um volume de água expressivo (168 milímetros). Nosso lençol freático é muito próximo e sem o escoamento rápido das águas por conta da cheia dos rios , da maré alta e da insuficiência das galerias algumas casas e ruas ficaram alagadas”. Os bairros mais atingidos foram: Centro, Itaguá e Perequê-Açu, além de Toninhas.

Já em Caraguatatuba, onde choveu 82 milímetros no sábado e 54.6 na sexta, segundo a Defesa Civil. Houve transbordamento de rio e cheia da Lagoa Azul, na região norte da cidade, atingindo os bairros Massaguaçu, Getuba e Capricórnio – as águas das chuvas invadiram diversas ruas, inclusive a SP-55, e casas. Agentes da Defesa Civil viraram a noite no local, orientando os moradores a se abrigarem em residências de parentes e a procurarem serviços médicos, mas muitos se negaram a deixar o local. O órgão afirmou que as valas foram limpas para dar melhor vazão às águas, mas a drenagem ficou comprometida por conta da maré alta e a cheia da lagoa.

Era por volta das 15h quando a reportagem entrou em contato com a Defesa Civil de Ilhabela, onde choveu 208 milímetros em pouco mais de três horas, segundo o responsável pelo órgão na cidade, Walter Faustino. Os bairros mais atingidos foram Perequê, Barra Velha, Água Branca e Itaquanduba, além de ocorrências pontuais no Centro da cidade e sul. Nem o muro lateral da igreja Matriz de Nossa Senhora d’Ajuda escapou. Houve queda de árvore no Centro sobre três automóveis e uma outra na altura da praia do Oscar, ao sul, sobre a rede elétrica e pista, chegando a interromper o trânsito no local no início da madrugada de ontem. Houve ainda queda de muros e deslizamento de terra.



Chuva causa alagamento e desabriga quatro famílias na Vila Progresso, em Juquehy

A forte chuva que caiu em São Sebastião, desde a noite da última sexta-feira, provocou alagamentos e desabrigou, temporariamente, quatro famílias que moram na Vila Progresso, em Juquehy, na Costa Sul do município.

De acordo com o chefe da Defesa Civil, Carlos Eduardo dos Santos, o Carlão, 13 pessoas foram removidas para casas de parentes. Em alguns imóveis, a água chegou a pouco mais de um metro de altura. As vítimas perderam produtos alimentícios, geladeira, fogão, colchão, entre outros pertences.

Uma das atingidas é a faxineira Joselita dos Anjos. “É a segunda vez que isso acontece e perdi tudo novamente, inclusive toda alimentação”, lamenta. Outro morador prejudicado é o chefe de manutenção Rodrigo Santos Cruz, que ficou sem o guarda-roupas. “A enxurrada foi tão forte que derrubou o muro ao lado da minha casa. A água chegou a altura do joelho”, revela.

Segundo Carlão, o acumulado nas últimas 36 horas é de 290 milímetros. “Entre às 22h44 de sexta-feira até às 2h45 da madrugada de sábado choveu 156 milímetros somente em Juquehy”, conta.

O problema no local, de acordo com ele, é que as residências estão em área irregular e foram edificadas em cima de um curso d’água, o que causou a enchente. “A vazão da água é pouca e o volume de chuva foi muito alto”, destaca. No total, 44 casas foram invadidas pela água. A Defesa Civil realiza o monitoramento da área a cada cinco horas e orienta os moradores em caso de desocupação, já que a região está em estado de alerta.

Em todo o município, foram registrados nove pontos de alagamentos, sendo seis na Costa Sul, dois na região norte e um na área central da cidade. (Continua na página A4).



“Vimos tênis e roupas boiando; até o carro do Samu estava cheio de água”, diz morador de Ilhabela

Jessyca Biazini

O comerciante Carlos Alberto, o Fré, de 27 anos, estava com um amigo de carro quando se deparou com a enchente. “Quando viramos na Rua dos Coqueiros, no Perequê, em frente ao mercadinho, vimos que começou a encher de água. Precisamos sair do carro pela janela e deixamos ele lá. Só fomos buscar hoje (domingo)”, afirma. “Tivemos que ir andando; até o carro do Samu estava cheio de água; dentro das lojas vimos os tênis, as roupas boiando; teve até um carro submerso e outro que havia sido amarrado com uma mangueira pelo dono perto dali. Estava um caos”, completa.

Na Barra Velha, a jornalista Juliana Horta, de 36 anos, levou um susto quando, por volta das 22h ouviu um estrondo – o muro erguido próximo a um morro veio abaixo com a avalanche de lama. “Estava em casa com meu marido e minha filha de dois anos. Eu havia alugado a casa e uma amiga arquiteta já havia me alertado deste risco, porque o muro estava trincado. Eu cobrava o dono da casa para resolver e ele dizia que era exagero da minha parte”, relembra. Com medo do pior os três buscaram ajuda no Hospital Mário Covas, onde acharam uma conhecida que os levou para casa. “Tínhamos recebido o convite para pernoitarmos na casa de uma amiga na Cocaia, mas foi impossível chegar até lá”. No dia seguinte, o marido de Juliana voltou até a casa e se viu que a lama havia invadido a residência. “Ainda não testei os eletrodomésticos para ver se estão funcionando; agora corro atrás de outro lugar para morar”, desabafou. “Acho que a cidade poderia ser melhor preparada para lidar com situações como esta. Tinha muita gente pedindo ajuda ao mesmo tempo para a Defesa Civil, Bombeiros e, apesar de muito esforço, não dava para atender todos prontamente”, completou.



Foto: Juliana Horta/Divulgação

Fotos: Carlos Alberto (Fré)/Divulgação



Fotos: Ricardo Faustino/PMSS

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