Novo comandante da Marinha quer ordenamento da orla





Ele deve chamar os quatro prefeitos do Litoral Norte para que sejam motivados a incrementar a segurança nas praias da região

Mara Cirino




Aos 42 anos, o capitão de fragata Marcelo de Oliveira Sá é, a partir de hoje, o comandante da Delegacia da Capitania dos Portos, em São Sebastião. Ele assume em cerimônia a ser realizada às 17h o posto do seu colega também capitão de fragata Alexandre Motta de Sousa, que agora segue para Santos, na Baixada Santista. A Cerimônia de Passagem de Cargo será presidida pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra Ricardo Fernandes Gomes, Capitão dos Portos de São Paulo.

Marcelo Sá chega com a missão de dar continuidade ao trabalho desenvolvido elo comandante Sousa, entre eles, o de ordenamento da orla das praias da região. Para isso, antecipa que vai chamar os prefeitos de Caraguatatuba, Ubatuba, São Sebastião e Ilhabela para que, juntos encontrem medidas para que ocorra uma convivência melhor entre banhistas e embarcações.

Conforme o comandante, essa parte do ordenamento precisa ser feita pela prefeitura que define os locais para banho e até a separação, seja por boias ou outros dispositivos, por onde a embarcação pode adentrar ou sair do mar, a velocidade, áreas de fundeio, as praias ou espaços específicos para navegação, entre outros.

Em cima de decreto a ser assinado pelos respectivos perfeitos, esses detalhes devem ser revistos Cabe à Delegacia da Capitania dos Portos a fiscalização no mar. Com o ordenamento da orla, a prefeitura faria a fiscalização nessas áreas de banhos, podendo contar com o apoio da Marinha. “Na Praia Grande (Baixada Santista) essa regulamentação já ocorreu e o resultado é positivo”, destaca Sá.

De acordo com o comandante Sousa, há áreas que requerem muita atenção e que serão prioridades para seu colega comandante Sá após assumir a delegacia. Em Ilhabela foram identificadas as praias do Curral e Saco da Capela; em São Sebastião, Cigarras, Barequeçaba e Toque Toque Pequeno; Caraguatatuba, Martim de Sá, Prainha, Cocanha e Tabatinga; e Ubatuba Enseada, Flamengo, Saco da Ribeira e Itaguá.




Balsa

O novo comandante assume em um momento de mudanças na ocupação da balsa. Desde o final do ano passado a Dersa, responsável pelo sistema de travessia de balsa entre São Sebastião e Ilhabela, separou uma área para a permanência dos pedestres com base nas normas de navegação.

A medida tem gerado algumas reclamações, mas, no geral, conforme os comandantes Sousa e Sá, a maioria dos usuários entendeu e aguardam a atracação da embarcação.

“O que falta são os funcionários darem mais orientação aos usuários, ter um serviço de aviso ou mesmo encontrar uma forma de orientar quem está na balsa que as mudanças são necessárias por questão de segurança”, informam os comandantes.

Sá relata que a balsa tem uma colisão controlada, mas que de acordo com as discussões do tempo, podem ser fortes, leve, mais perigosas. “Se tem pessoas na frente e um carro, nessas condições, se movimenta, o risco de acidente é grande”, alerta.

Inclusive, eles relatam que outro dia voltavam de Ilhabela quando o motorista de um carro automático ligou o veículo antes mesmo da balsa encostar ele foi para frente e rompeu o cabo. “Por três dedos não bateu na rampa. E se tivesse gente ali na frente?”, questiona.

Conforme o comandante Sousa, no mesmo dia ao retornar ao arquipélago, percebeu que não houve nenhuma orientação para os usuários, por isso foi à cabine do contramestre cobrar uma postura de retirar os passageiros da frente da balsa antes da atracação. “O comandante tem a autonomia de não atracar se não houve condições de segurança”, observa.

Diante do atual quadro, o novo comandante da Delegacia disse que pretende se reunir com a Dersa para que as medidas adequadas sejam adotadas. Entre elas, a que deve constar o número de passageiros em cada embarcação. “Se ocorre algum acidente, como vamos saber quantas pessoas devem ser procuradas no mar?”, diz Marcelo Sá, complementando que “não devemos deitar em berço esplêndido e esperar algo mais grave acontecer”.

Esse tópico foi discutido com a empresa na reunião realizada este mês com representantes da empresa. Uma roleta foi colocada na saída da balsa em Ilhabela, mas no lado direito. Na avaliação do comandante Marcelo Sá, não é ideal porque é preciso saber quantas pessoas entraram e depois quantas saíram, até pra saber se não está faltando ninguém. “Acredito que a empresa já está fazendo um teste. Esperamos que seja colocado o contador”.




Experiência

Natural do Rio de Janeiro, o novo comandante da Delegacia da Capitania dos Portos, em São Sebastião, já serviu em sua cidade natal, Santos, Rio Grande do Sul e antes de chegar ao Litoral Norte estava em Brasília.

Ele considera que esse será um trabalho desafiante uma vez que até então estava dentro de um navio de guerra e aqui a atividade é mais externa. A Delegacia é responsável por 44 municípios do Litoral Norte, Vale do Paraíba e nascentes do Rio Tietê e tem em torno de 70 militares.







Foto: Mara Cirino/IL

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