Vereadores ouvem críticas em Barra do Una



Metade dos vereadores não comparece ao evento da Câmara
Helton Romano

“Você fala. A gente escuta”. Esse é o slogan do projeto ‘Câmara Bairro Bairro’, lançado na noite de segunda-feira, em Barra do Una, na Costa Sul de São Sebastião. De fato, os vereadores presentes tiveram que ouvir poucas e boas durante o evento que se arrastou por mais de 3 horas. Cerca de 70 pessoas compareceram à Escola Maria Virgínia Silva e aproveitaram a oportunidade para apresentar reivindicações. A reunião foi também transmitida pela internet.
Logo de cara, um morador pediu a palavra para manifestar “indignação” com a ausência de seis vereadores – a metade do total. “Isso demonstra a falta de respeito com a comunidade”, opinou o marinheiro Pedro do Rosário, 57 anos.


O tom de cobrança foi aumentando à medida que os problemas eram apontados pelos moradores. “A rua do posto de saúde está uma vergonha. Saiam daqui e vão lá ver”, reclamou Elizabete Bráz, 64 anos. O estado da quadra de esportes, atendimento médico, falta de saneamento básico, destinação de podas e transporte coletivo foram alguns dos temas abordados na reunião.


O vereador Teimoso (PSB) pediu “paciência” aos moradores. “A Prefeitura não é fácil de administrar”, defendeu. “São 38 bairros, nem tudo dá para atender”, acrescentou José Reis (PSB). O presidente da Câmara, Marcos Tenório (PSC), citou as obras realizadas em Barra do Una.
As explicações dos vereadores, porém, não convenceram o cabeleireiro Anderson dos Santos, 23 anos. “Tudo o que a gente está discutindo não vai dar em nada. Os problemas são os mesmos há mais de 20 anos”, manifestou o cabeleireiro, aplaudido pelo público.
Os vereadores tentaram explicar que não lhes cabia a função de executar os serviços. “O vereador é pedinte. Cabe ao prefeito executar”, definiu Teimoso. “Às vezes temos boa vontade, mas não podemos gerar custos”, lembrou Reis.


Mas diante da insistência do cabeleireiro em cobrar resultados, Teimoso retrucou: “Só você tem problemas? Ninguém mais tem?”. O princípio de bate-boca seguiu com Ercílio, que interrompeu a fala do morador. “Você está atrapalhando a reunião”, considerou Ercílio.
O presidente da associação do bairro, Raoul Cardinalli Junior, entregou uma lista de reivindicações aos vereadores e comentou: “Ninguém quer desrespeitar vocês, mas o sistema não funciona e a gente quer resposta e ação”.


Para o presidente Tenório, as críticas são naturais e a primeira edição do ‘Câmara Bairro a Bairro’ foi um sucesso. “O mais importante é que a população marcou presença. Não podemos nos esconder. Temos que aparecer para sermos cobrados”, analisou, ao final do evento. “Se a Administração fizesse isso, diminuiriam as reclamações”, concluiu Tenório.


Além dos vereadores já citados, compareceram ao evento Jair Pires (PSDB) e Reinaldinho (PSDB). Já Gleivison Gaspar (PMDB) justificou que estava lecionando na faculdade em que trabalha, enquanto Ernaninho (PSC) alegou que “teve problemas na estrada”. Ambos foram representados por assessores. Os vereadores Coringa (PSD), Simei Ferreira (PSC), Marcos Fuly (PP) e Solange Ramos (PV) não justificaram as ausências.


Foto: Helton Romano/IL

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